Câncer: Conheça 4 mitos sobre a doença

Câncer: Conheça 4 mitos sobre a doença

Do medo de falar sobre o assunto até a convicção de que não há nada a se fazer para evitar o câncer, a população acaba por desconhecer sintomas e tratamento da doença.

No dia mundial do câncer, celebrado nesta terça-feira (4), um alerta: profissionais de saúde ainda têm dificuldade de municiar a população com informações corretas sobre prevenção, sintomas e acesso aos tratamentos.

Isso porque ainda existem muitos mitos que rondam “aquela doença”, como o câncer era estigmatizada no passado. Anos depois e muitos preconceitos a menos, a informação a respeito da doença ainda é falha, atrapalhando diagnósticos, tratamentos e, consequentemente, levando muitos à uma morte que, em muitos casos, poderia ser evitada.

Os dados são alarmantes: a previsão é que em 2014 surjam 576 mil novos casos de câncer no Brasil. Destes cânceres, o de pele (tipo não melanoma) será o mais incidente, seguido por tumores de próstata, mama feminina, cólon e reto, pulmão, estômago e colo do útero.

Veja alguns mitos sobre o câncer:

1. Não é necessário falar do câncer:

MITO: Muitos ainda acreditam que não é necessário falar sobre o câncer porque ele pode surgir independentemente se é colocado em pauta ou não. Errado. Quanto mais informação se tem sobre a doença, melhor é. O oncologista José Segalla explica que manteve uma amizade com um frentista de um posto de gasolina durante muitos anos, e esse senhor foi diagnosticado com câncer de mama.

“O nódulo estava ali há tempos, mas ele não falou sobre isso comigo porque não sentia dor e nem incômodo. Hoje eu tenho um certo peso na consciência porque convivi com ele e não passei a informação de que homem também pode ter câncer de mama”, conta. “Se ele tivesse essa informação, ele poderia ter tratado o câncer ainda no início”.

 

2. Não existem sinais nem sintomas de câncer

MITO: A detecção precoce é fundamental para aumentar as chances de cura. Para muitos tipos de câncer, há, sim, sintomas que levam a uma desconfiança de que há algo errado. Para isso, é importante que a população esteja informada sobre qualquer mudança anormal. “Essa informação não precisa necessariamente ser passada por um médico superespecialista, mas deve estar em todos os meios públicos e sistema de saúde”, explica Segalla. “O homem acima de 10 anos que fuma, bebe, tem azia e faz tratamento para gastrite tem de ser informado de que o álcool e o fumo podem causar câncer de esôfago e de boca, por exemplo”.

O oncologista e vice-diretor clínico do Hospital do Câncer de Barretos, Sérgio Serrano, explica que os sintomas do câncer normalmente aparecem quando ele já está em um estágio mais avançado. “O colo do útero é um exemplo. Além disso, quando um nódulo de mama está em um estágio em que é possível apalpar, isso significa que ele já está mais avançado. A mamografia detecta quando as lesões ainda são iniciais, facilitando o tratamento”, explica. “No caso do câncer de laringe, a rouquidão é um sintoma importante a ser considerado, como foi o caso do ex-presidente Lula”.

 

3. Não há nada a fazer contra o câncer

MITO: “Muitos pensam que é um castigo, que é porque Deus quis, então não há nada que se possa fazer”, afirma Maira Caleffi, mastologista e presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apioio à Saúde da Mama (Femama). Esse pensamento, obviamente, está equivocado. Há, sim, o que fazer tanto para prevenção como tratamento. Como prevenção, recomenda-se que os hábitos de vida sejam saudáveis, como uma boa alimentação, descanso, vida tranquila e prática de esportes.

Para o câncer de colo do útero, por exemplo, o governo vai oferecer vacinas contra o HPV, vírus responsável por causar o câncer. Já para a detecção precoce, o indicado são os exames periódicos. No caso das mamas, a mamografia deve começar a ser feita a partir dos 50 anos. “Se existe algum caso na família, é indicado que a mulher comece a fazer a mamografia aos 35 anos”, explica Serrano.

4. Não tenho direito de receber os cuidados de saúde para o câncer

MITO: O direito existe e é assegurado por lei. O problema está na aplicação dessa lei, o que leva muitos a requererem tratamentos e medicamentos por meio judicial – quando um laboratório não conseguiu/quis entregar o medicamento no prazo ou uma cirurgia de prioridade não foi marcada pelo hospital.

“O que eu faço nas minhas ações, no caso da cirurgia, é pedir para o governo pagar a cirurgia fora do lugar que estava previsto, justamente para a pessoa não passar na frente na fila de alguém que está igualmente precisando muito”, explica Gabriel Faria Oliveira, defensor público da União.

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