Como superar um câncer

Como superar um câncer

A cada dia que passa, o câncer ganha mais espaço em nossa vida. Quem não conhece alguém que já teve o diagnóstico de câncer? Um amigo, um vizinho ou parente. A expectativa de vida da população brasileira aumentou nesses últimos anos; assim, também aumentando a chance do aparecimento de um câncer.

 

Para cuidar melhor e mais especificamente desses pacientes com câncer, foi preciso preparar um novo especialista, o oncologista clínico. Uma especialidade a qual poucos médicos no Brasil escolhem para se dedicar, pois a responsabilidade e o comprometimento dessa profissão é extremo. A necessidade de atualização sobre os novos tratamentos e sobre os novos tipos de tumores que surgem é constante. Como oncologistas, temos o mais estimulante desafio que um médico pode receber: cuidar de pessoas empregando os mais recentes avanços da ciência.

 

Por isso escrevemos um artigo hoje falando um pouco sobre a necessidade da mudança do estilo de vida para aqueles pacientes que sobreviveram a um câncer e tiveram a oportunidade de viver novamente.

 

Essas informações foram discutidas no último congresso que tivemos a oportunidade de participar em Chicago, nos Estados Unidos, nos dia 1º a 5 de junho de 2012, o qual reuniu 31 mil oncologistas de todas as partes do mundo.

 

Um sobrevivente de câncer é definido como uma pessoa que foi diagnosticada com câncer, do momento do diagnóstico até o fim de sua vida. Devido aos avanços no diagnóstico precoce e no tratamento, o número de sobreviventes estimados nos Estados Unidos é de 12 milhões, aumentando rapidamente, atingindo uma relação de 1 sobrevivente a cada 25 americanos.

 

Muitos desses sobreviventes estão altamente motivados a buscar informações sobre mudanças alimentares, atividade física, suplementação dietética com intuito de melhorar sua resposta ao tratamento, reduzir seu risco de recorrência e melhorar sua qualidade de vida. Logo após receber o diagnóstico o paciente se questiona: “O que devo mudar na minha alimentação?”, “Devo me exercitar mais?”, “Devo ganhar ou perder peso?”, “Devo fazer suplementação alimentar?”.

 

ORIENTAÇÕES DE NUTRIÇÃO DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER

 

Durante a quimioterapia, os objetivos devem ser prevenir e resolver as deficiências nutricionais, atingir um peso saudável, preservar a massa corporal e maximizar a qualidade de vida. Estudos confirmam que o aconselhamento nutricional ajuda a melhorar a ingestão alimentar, minimizar os efeitos colaterais da quimioterapia e com isso melhorar a qualidade de vida. É importante tirar os alimentos cítricos do cardápio, diminuir a ingestão de sal e de alimentos quentes.

 

Um chá de camomila gelado pode aliviar a sensação de dor na cavidade oral. É essencial o aumento na ingestão de água – na prática muitos pacientes ficam enjoados quando tomam muito líquido, por isso deve-se apelar para isotônicos e água de coco.

 

Resumindo, as refeições precisam ser balanceadas, com uma fonte de carboidratos e outra de proteínas, tudo completado com hortaliças e frutas. Portanto, é aquela dieta que seria ideal para qualquer pessoa – com câncer ou não. Toda receita pode ser ligeiramente mais temperada, com ervas e especiarias – só temos de manter a cautela com o excesso de sal, que não traz benefício para ninguém.

 

A quimioterapia age sobre o funcionamento das células sensoriais do paladar e o indivíduo tende a sentir menos gosto. E tudo que puder despertar o paladar remanescente ajudará bastante para que consiga se alimentar melhor, sem deixar o prato cheio de comida no final da refeição.

 

ORIENTAÇÕES DE EXERCÍCIO DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER

 

Existem vários estudos científicos que mostram que a atividade física é segura, possível e também dimimui a fraqueza e as dores no corpo. Ela também aumenta a chance de concluir todos os ciclos da quimioterapia e melhorar a qualidade de vida, diminuindo os episódios depressivos. A decisão de quando iniciar e manter a atividade física deve ser individualizada, bem como qual atividade iniciar.

 

Exercícios durante a quimioterapia ajudam na saúde óssea e na manutenção da força muscular. Pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia que já estão fazendo atividade física devem ajustar suas atividades físicas conforme suas condições, porém não devem parar. Para aqueles que eram sedentários antes do diagnóstico, devem iniciar com caminhadas leves ou outras atividades de baixa intensidade.

 

Estudos demonstram que atividade física após o diagnóstico do câncer está associada com redução do risco de recidiva e diminuição nas taxas de mortalidade em vários tumores tais como mama, cólon e reto, próstata e ovário. Entre as mulheres com câncer de mama, a atividade física após o diagnóstico está associada com redução do risco de recidiva e nas taxas de mortalidade relacionadas ao câncer de mama. Um recente estudo demonstrou que os exercícios após o diagnóstico de câncer estão associados com uma redução de 34% na mortalidade relacionada ao câncer de mama. Os exercícios físicos mostram uma melhora no condicionamento cardiovascular, força muscular, autoestima e diminuem a fraqueza, ansiedade e a depressão.

 

Seria mentira dizer que o câncer não mexe com o cotidiano. O tratamento demanda mudanças no dia a dia que devem ser respeitadas para não prejudicar as chances de sucesso. É importante ter em mente que não é possível falhar com a agenda da terapia. Ela precisa ser cumprida, uma vez estabelecida – pois ela é que vai ser capaz de derrotar o câncer.

 

Ser oncologista é andar de mãos dadas com a ciência em busca da cura ou de uma melhor e maior sobrevida para nossos pacientes. Por isso, ficamos tão felizes com cada descoberta científica que é feita, vibramos com as intervenções bem-sucedidas e sempre estamos aprendendo um pouco mais sobre a vida com nossos pacientes.

 

Autores: Dr. Pedro Ervin Specht Schurmann (CRM/SC 11573 RQE 7574 e 7573) e Dra. Maitê de Liz Vassen Schurmann (CRM/SC 11084 RQE 7324 e 7325).

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