Vivendo com Câncer – Uma doença crônica e o poder dos Cuidados Paliativos
Uma das doenças mais temidas, o câncer em suas diferentes formas mata todos os anos 8,2 milhões de pessoas no mundo. Só no Brasil, no ano de 2018 tivemos, aproximadamente, 600 mil novos casos de câncer e 200 mil mortes pela mesma doença.
O câncer é uma palavra que define dezenas de manifestações, dos mais variados tipos – de linfoma e leucemia a câncer de mama, pele, cólon, pulmão e tantos outros. As causas relacionadas ao câncer também são plurais. Sabemos que mais de 90% das causas de câncer são de fatores relacionados ao estilo de vida não saudável, como falta de rotina em ter uma boa alimentação, não fazer atividade física regularmente, não ter 8 horas de sono, usar substâncias que causem transtornos ao funcionamento do seu organismo, como álcool, drogas e estimulantes e não ter um plano de gerenciamento do estresse de forma pessoal.
A incidência de câncer vem aumentando e uma das causas é que as pessoas têm vivido por mais tempo. Porém, o que se espera é a redução da mortalidade e o aumento da sobrevida dos pacientes com câncer, apesar da perspectiva, muitas pessoas ainda deixam de dar a devida importância quando o assunto é evitar esses fatores de risco associados ao câncer.
Mesmo que a taxa de fumantes no Brasil tenha caído de 25% para pouco mais de 10% em quinze anos, segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde, o índice de sobrepeso na população pulou de 42,5%, em 2006, para 53,8%. Todos sabem da importância do protetor solar, mas o produto ainda é caro para o brasileiro, sem contar que a incidência de raios ultravioleta sobre a Terra aumentou com o buraco na camada de ozônio, vejam que temos muitas situações a se preocupar, ressalta Dra. Maitê.
Se neutralizar todos os fatores de risco é impossível – e viver muito é um desejo de todos – a solução é diagnosticar o câncer o quanto antes, enquanto é possível falar em cura. Isso melhorou muito nas últimas décadas, com a sofisticação dos exames de imagem e a implementação de políticas de rastreamento. “Podemos dizer que, considerando todos os tipos de câncer, mais da metade dos pacientes tem oportunidade de ficar curados”, afirma Dra. Maitê.
Sendo assim, há dois tipos de pessoas que tiveram um diagnóstico de câncer. Uma delas que conseguiu fazer um diagnóstico precoce do câncer e torna-se um sobrevivente do câncer com ou sem sequelas. Simplesmente, a página virou e conseguiu terminar o tratamento e vai continuar vivendo a sua vida de maneira mais saudável, para evitar a recidiva do câncer. Você chegou aqui e ainda está pensando: “Eu conheço tanta gente que se curou do câncer, por que tratar o problema como doença crônica?”. Entenda que, em geral, um paciente só é considerado curado depois de cinco, dez ou quinze anos sem sinais do câncer. Mas não quer dizer que a cura é para sempre. Algumas pessoas podem nunca mais ter a doença de novo, enquanto outras terão recidivas ou tumores em outras partes do corpo. Por isso, o acompanhamento médico deve ser regular, assim como a manutenção de hábitos saudáveis – exatamente como acontece com qualquer doença crônica.
Outro perfil de pessoa, é aquela que teve o diagnóstico de um câncer em estágio mais avançado ou metastático, nesse caso, estamos diante de uma doença incurável e que vai necessitar um tratamento crônico, de modo contínuo e por tempo indefinido. Então, esse paciente vai precisar tomar um medicamento, quimioterapia ou imunoterapia que pode ser de maneira injetável ou via oral, dependendo do tipo de câncer. Quando esse paciente tem esse diagnóstico, ao mesmo tempo, tem que iniciar uma conversa sobre cuidados paliativos, nesse caso tanto o paciente quanto à família é importante irem se preparando para um futuro incerto, doloroso e de muita reflexão e autoconhecimento.
Os cuidados paliativos são os cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida. O objetivo desses cuidados são promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares através da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce de situações possíveis de serem tratadas, da avaliação cuidadosa e minuciosa e do tratamento da dor e de outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. Esses cuidados são feitos por uma equipe-multidisciplinar, composta pelo médico oncologista, enfermeira, psicóloga, nutricionista e pela equipe que atende o paciente na unidade de tratamento oncológico em prol do bem-estar do mesmo e de sua família. Na fase terminal, em que o paciente tem pouco tempo de vida, o tratamento paliativo se torna prioritário para garantir qualidade de vida e de morte, conforto e dignidade.
Nós, médicos oncologistas, podemos e devemos ajudar alguém a viver bem, apesar do câncer, finaliza Dra. Maitê.