O papel da mudança de hábitos na Prevenção do Câncer
Nesse ano de 2018 ocorreram no Brasil 600 mil casos novos de câncer acometendo homens, mulheres, jovens e idosos. Desse total de 600 mil pessoas, tivemos 200 mil óbitos cuja causa de morte foi o câncer.
Estilo de vida não saudável causa mais de 100 mil casos de câncer por ano e, além disso, causa 60 mil mortes por câncer todo ano no Brasil.
Esses últimos dados foram publicados em um artigo na revista científica Cancer Epidemiology em fevereiro de 2019. Essa pesquisa foi realizada entre uma parceria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Segundo esse estudo, estima-se que, por ano, 114 mil casos de câncer (27% do total) e 63 mil mortes pela doença (34% do total) no Brasil poderiam ser evitados com a redução de cinco fatores de risco relacionados ao estilo de vida: tabagismo, consumo de álcool, excesso de peso, alimentação não saudável e falta de atividade física.
Segundo os pesquisadores já havia um consenso na literatura científica de que o estilo de vida não saudável estaria associado ao aumento no risco de 20 tipos de câncer, como: o de laringe, pulmão, esôfago, orofaringe, cólon e reto, cavidade oral, bexiga, fígado, estômago, colo e corpo do útero, rim, vesícula biliar, mama, pâncreas, alguns tipos de leucemia, mieloma múltiplo, tireoide, ovário e próstata. “A novidade desta pesquisa foi estimar a proporção de casos e de mortes por câncer que poderiam ser potencialmente evitados no Brasil pela eliminação ou redução dos fatores de risco no estilo de vida dos brasileiros”, afirma Dr. Pedro Ervin S. Schurmann.
Se fossem eliminados esses fatores de risco de estilo de vida não saudáveis, por exemplo no caso da incidência de câncer de pulmão, de laringe, esôfago além de colón e reto, seria reduzida pela metade a ocorrência desses tipos de câncer. Já a mortalidade dos outros tipos de câncer analisados se reduziria em torno de 20%.
A eliminação ou a redução do tabagismo, seguido da de excesso de peso e do consumo de álcool teriam maior impacto na prevenção de casos e mortes por câncer no Brasil.
Uma discussão que poderia ser feita a partir da divulgação desses dados seria sobre a implementação da saúde alimentar dos brasileiros além de uma revisão das políticas de saúde pública que ainda estão unicamente voltadas à realização de exames para detecção precoce do câncer, como é o caso da mamografia, para o câncer de mama nas mulheres, e o antígeno prostático específico (PSA), para o câncer de próstata nos homens.
Estas novas descobertas sugerem que além das políticas públicas, as pessoas podem e devem focar na mudança de estilo de vida, como parar de fumar, perder peso, fazer atividade física pelo menos 3 vezes por semana, aumentar a ingestão de frutas e verduras, comer menos carne processada como embutidos e frios, para vivermos cada vez com melhor qualidade de vida e por mais tempo, conclui o Dr. Pedro.