A importância do álcool e do cigarro como causadores de câncer
A importância do álcool e do cigarro como causadores de câncer
Recente relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) expressou em números o que já se sabia: tabagismo e consumo de álcool continuam a alimentar as estatísticas da saúde e estão entre os principais fatores de risco de doenças crônicas, que levam à morte. O álcool mata mais que a AIDS e a violência urbana e, entre os casos de câncer, de 20 a 30% estão associados ao etilismo. O uso de tabaco não fica atrás e tem um impacto bem conhecido na saúde, responsável por 90% dos tumores no pulmão e associado a mais de 20 tipos diferentes de câncer.
Não adianta bancarmos avestruz: o câncer é hoje um problema de saúde pública mundial.
A organização mundial de saúde estima que em 2013, irá ocorrer 27 milhões de novos casos da doença e 17 milhões de mortes. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) calcula para 2013 aproximadamente 520 mil novos casos.
Entre os fatores de risco, além de alimentação inadequada e sedentarismo, estão o tabagismo e o consumo abusivo de álcool.
Um adulto tabagista perde de 13 a 15 anos de vida, em média.
O primeiro câncer a ser relacionada com o tabagismo foi o de pulmão, na década de 1950.
Entre os anos 1930 a 1960, o hábito de fumar era glamourizado pelos filmes de Hollywood. Era impensável um galã que não fumasse. Porém aos poucos, mais e mais tumores malignos foram engrossando a lista dos tipos associados ao hábito de fumar.
Sabe-se que o tabaco é o único fator de risco que atua nos três estágios do câncer: iniciação, promoção e progressão.
Iniciação é o primeiro estágio: o DNA da célula se altera.
Promoção, o segundo: a célula alterada começa a sofrer ação de outros agentes, que vão levar à multiplicação.
O terceiro estágio é o da progressão: é quando ocorre a multiplicação descontrolada das células alteradas, levando ao câncer.
O tabagista também tem mais risco de câncer em vários outros órgãos: boca, língua, laringe, faringe, traqueia, esôfago, mama, estômago, pâncreas, rim, bexiga, colo do útero e pênis. Além dos diversos tipos de câncer, está associado a mais de 50 doenças, entre as quais enfisema, pneumonia, tuberculose, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial, aneurisma arterial, osteoporose, degeneração macular e catarata.
O tabagismo mata por ano no mundo, 6 milhões de pessoas, sendo 20% por câncer.
Mesmo que o paciente já tenha câncer, ele deve ser estimulado a parar. Está provado que fumante com câncer que continua fumando tem a sua qualidade de vida diminuída. Algumas substâncias presentes no tabaco interferem em certos quimioterápicos, dificultando a recuperação e aumentando a probabilidade de ele ter outro tumor ou uma metástase do tumor original, além de outras doenças decorrentes do tabagismo. Tanto que parar de fumar hoje faz parte do tratamento do paciente oncológico tabagista. Melhora a qualidade e a expectativa de vida. Se tiver de fazer cirurgia, o resultado será melhor. O fumante tem dificuldade muito grande de parar não só pela nicotina, mas pelo papel que o cigarro tem na sua vida. Esse mesmo raciocínio vale para o abuso de álcool.
Alcoolismo aumenta o risco de vários tumores.
O abuso de bebida alcoólica também é problema de saúde pública. Causa diversas doenças, como cirrose hepática e câncer, aumenta o risco de acidentes no trabalho e no trânsito, contribui para agressões e violências.
Todas as áreas mais em contato direto com o álcool, como cavidade oral, faringe, laringe e esôfago, têm risco aumentado de desenvolver câncer.
Nessas regiões, o álcool pode levar ao câncer de duas formas:
Primeiro, pela própria agressão. Ele inflama o local, transformando células saudáveis em células precursoras do câncer. A inflamação crônica, persistente, pode causar câncer nessas localidades.
Segundo, de alguma forma o álcool fragiliza a barreira protetora natural dessas regiões, facilitando a entrada de componentes cancerígenos.
O alcoolismo também aumenta o risco de câncer no fígado, pâncreas e mama.
Lembre-se sempre: ao parar com o álcool e o tabagismo, a sua saúde começará a ter benefícios.
Autor: Dr. Pedro Ervin Specht Schurmann, especialista em Oncologia Clínica e Clínica Médica.