Destaques ASCO 2013 – ONCOLOGIA GASTROINTESTINAL

Destaques ASCO 2013 – ONCOLOGIA GASTROINTESTINAL

O primeiro, e um dos mais esperados por comparar diretamente cetuximabe contra bevacizumabe em primeira linha, é o estudo FIRE–3. Esse foi um trabalho que randomizou pacientes com câncer colorretal metastático e KRAS selvagem para receber tratamento de primeira linha com FOLFIRI + cetuximabe (Grupo A) ou FOLFIRI + bevacizumabe (Grupo B). O desfecho primário do estudo era taxa de resposta, e para tanto foram incluídos 592 pacientes com idade mediana de 64 anos. Os achados por intenção de tratamento mostraram taxas de resposta nos grupos A versus B de 62% e 57%, respectivamente. Embora numericamente superior, a diferença a favor do grupo A não atingiu o objetivo estatístico previamente determinado. A sobrevida livre de progressão (SLB) mediana também foi muito parecida: 10,3 vs 10,4 meses, HR 1,04, p=0,69, porém a sobrevida global (SG) se mostrou superior com significância estatística para o grupo A: 28,8 vs 25,0 meses, HR 0,77, p=0,0164, 95% CI: 0,620-0,953. As curvas de sobrevida apresentadas mostram claramente que a diferença somente é detectada muito tempo após os tratamentos haverem sido descontinuados, o que é uma surpresa, e normalmente sugere interferência de tratamento subseqüente.

Por enquanto, a mensagem para o oncologista é de que os pacientes com tumores KRAS selvagem podem receber FOLFIRI com cetuximabe em primeira linha, e essa é uma das boas alternativas para o tratamento dessa doença.

O intrigante fato de a diferença de sobrevida ter aparecido somente muito tardiamente não nos permite ainda determinar que o uso de cetuximabe seja claramente superior ao uso de bevacizumabe em combinação com FOLFIRI, pelo menos até que as terapias subseqüentes sejam mais bem avaliadas e as razões dessa diferença estejam claras.

Em relação ao manejo futuro de tumores colorretais, o abstract 3511, discutindo na sessão de pôsteres, foi um dos mais importantes. Ele apresenta uma análise retrospectiva da mutação no RAS, incluindo KRAS e BRAF dos pacientes incluídos no estudo PRIME – estudo randomizado para tratamento de primeira linha de câncer colorretal com panitumumabe + FOLFOX versus FOLFOX + placebo – para avaliar o potencial dessas mutações como preditoras de resposta negativa. Os pacientes com RAS selvagem apresentaram ganho de 5,8 meses em SG no braço do panitumumabe (26 vs 20,2 meses, HR 0,78; IC 95%, 0,62 – 0,99; p = 0,04), enquanto para os pacientes com RAS mutado, a sobrevida foi melhor para quem não recebeu panitumumabe (15,6 vs 19,2 meses; HR 1,25, IC95% 1,02 – 1,55; p = 0,034).

Os pacientes com RAS selvagem e com mutação do BRAF não apresentaram beneficio com o uso de panitumumabe. Na presença de mutação do RAS e BRAF, o panitumumabe pareceu ser deletério (15,3 vs 18 meses; HR 1,21; IC;95% 0,99 – 1,47; p = 0,06). Trata-se de uma constatação importante, e que possivelmente se aplica a outros anticorpos direcionados contra o EGRF. A comprovação desses resultados em pacientes participantes de outros estudos, e com anticorpos contra EGRF, é essencial e pode resultar em um refinamento importante na seleção de regimes para pacientes com câncer colorretal.

Fonte: Revista ONCO& de julho/agosto 2013

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